Ao levar meu filho caçula ao cinema para assistir Creed, a imagem de um idoso Rocky Balboa me fez ir às lágrimas. Durante o filme, o tema clássico ressonou em minha alma tão profundamente, que elas não tinham gosto de soro fisiológico; tinham o sabor da pizza que minha mãe, Dona Helena Cabeleireira, preparava aos sábados, quando a família se reunia para assistir Supercine.
Há pouco tempo, esse mesmo sentimento levou o nome de Xuxa Meneguel aos trending topics do Google brasileiro. Durante sua participação no Altas Horas, a Rainha dos Baixinhos liderou o IBOPE e capturou uma das mais poderosas emoções humanas:
A nostalgia.
Somos uma espécie capaz de sentir além do tempo presente. A habilidade de projetar tanto o passado quanto o futuro, nos permite vivenciar situações que não estão acontecendo, mas que aconteceram ou podem acontecer. É por isso que, apesar de há anos em ostracismo melancólico, a presença de Xuxa causou tanto interesse.
Seu auge foi entre anos 1986 e 2001, contudo, ela é tão importante na formação cultural da geração X, que ainda consegue apertar gatilhos de uma memória afetiva coletiva. Essa geração representa 25% da população brasileira economicamente ativa.
Esse ativo mnemônico tem feito à emissora destaca-la em sua programação. Aliás, o sucesso da Marvel nos cinemas se deve a mesma ferramenta.
Se você entrar agora no Youtube, vai notar que muitos canais sobre cultura pop são apresentados por quarentões. Não é raro encontrar debates calorosos entre esses nerds e fãs da nova geração. Percebendo o engajamento gerado por essas brigas, a Disney já as incluiu em sua estratégia de viralização.
Esses tiozões cresceram lendo gibis do Homem Aranha. Sempre que a Disney altera esses personagens nas novas adaptações, é como se estivesse “profanando” milhares de infâncias.
Portanto, evocar essa memória é uma excelente estratégia de marketing, seja para divulgar um filme, aumentar a audiência de um programa ou vender produtos na internet.
Como você pode ver, o X da questão não é a Xuxa ou os X-men.
É a nostalgia.
Se você souber usá-la, não vai precisa ser o Professor Xavier para entrar na cabeça do seu público-alvo.